As privatizações que transferem dinheiro e
patrimônio para grandes grupos econômicos não são uma novidade no Brasil. Desde
o advento das chamada Nova República o tema voltou à pauta com força.
O governo de Fernando Collor de Melo teve
início esse “debate” muitas vezes enviesado e sem ouvir a sociedade brasileira.
Na época dos grandes jornalões valia a ideia de especialistas e a boiada passou
já nos governos de FHC que tentou desmontar as grandes estatais brasileiras.
Lembrando que nesse período era forte na mídia brasileira
uma campanha de desvalorização do trabalho dos servidores públicos, colocando
as estatais fortes brasileiras como um grande problema para nosso
desenvolvimento pleno. Uma campanha, na realidade, para desacreditar o real
papel das estatais, seguido de um trabalho de interno de quebradeira dessas empresas
para depois vendê-las à preço de banana. E isso foi feito com maestria nos anos dourados
dos tucanos.
Uma delas foi a Companhia Vale do Rio Doce, o
sistema Telebrás, os bancos estaduais e já no fim dos governos FHC um ataque ao
Banco do Brasil e a Petrobrás que só não deu certo por falta de tempo e pela
vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2002. Sem falar na venda da
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) no governo Itamar Franco.
Mas o Ceará também passou por esse esquema de
destruição de nossas empresas estatais. Um
exemplo foi a venda do Banco do Estado do Ceará já em 2005 após um lento
processo de sucateamento desse importante banco de investimentos públicos em
nosso estado. Na época o então deputado federal cearense João Alfredo (hoje superintendente
do IDACE no Ceará) questionou a recuperação de apenas 7% da dívida de R$ 3,4
bilhões do BEC no processo de saneamento financeiro. "Se essa e
outras questões não forem resolvidas, o processo de privatização é uma grande
caixa preta que vai permanecer fechada", ele disse, segundo o site da
Câmara dos Deputados.
Outro desmantelamento das nossas estatais veio com
a venda da Coelce. Por 29 votos a 14, o governo Tasso Jereissati (PSDB) aprovou a
possibilidade de venda da empresa estadual que seria vendida em 1993 por um consórcio
formado essencialmente por empresas estrangeiras. A Coelce é hoje a ENEL que
depois de mais de duas décadas não fez os investimentos previstos e o Ceará vem
sofrendo com cortes de energia, falta de investimentos no setor e descaso da empresa
com os setores produtivos e comunidades. Perdemos dinheiro, propriedades e
patrimônio e o Ceará amarga um péssimo serviço desta agora empresa privada.
Sem falar na Teleceará que também foi
para o espaço na era Jereissati. A Teleceará era uma empresa de sociedade
anônima de capital fechado, prestando serviços de telecomunicações nos setores
de telefonia básica urbana e interurbana, telefonia móvel celular e comunicação
de dados: atendia a 1055 localidades em todo o Estado do Ceará e contando com
um capital social composto por 2.050.220.997 ações ( em 31.12.1996), das quais
a Telebras detinha 79,44%.
Naquele final de anos 90 o Sistema Telebrás foi privatizado pelo
governo tucano de Fernando Henrique Cardoso em julho de 1998 em função de uma
mudança constitucional no ano de 1995, e com a promulgação da Lei
Geral de Telecomunicações, que visava a ampliação e a universalização dos
serviços de comunicação e o enxugamento da máquina estatal brasileira.
Desta forma, a Teleceará e sua subsidiária de telefonia móvel
digital, a Teleceará Celular foram privatizadas. A Teleceará foi vendida para a
Tele Norte Leste S/A, formando a Telemar, empresa de telecomunicações que
operou de 1998 até 2007, e a Teleceará Celular foi vendida para a TIM.
Atualmente, a Tele Norte Leste S/A tem seus produtos comercializados com a
marca Oi.
Foram muitas as promessas feitas por políticos e empresários
para a privatização das empresas do setor de telefonia. Argumentos do tipo livre concorrência, ampliação do
acesso aos serviços, barateamento das tarifas, redução da dívida pública,
avanço tecnológico e um serviço melhor. Tudo balela.
O resultado dessas privatizações no Ceará é que o estado perdeu empresas,
patrimônio, investimentos e o dinheiro arrecadado não temos a menor ideia de
onde foi parar. No momento atual, políticos e empresários se unem para
privatizar as praias. Lógico que as praias cearenses por sua exuberante beleza
estarão no mapa desses tubarões das privatizações. Hora de a sociedade cearense
e brasileira acordar para a realidade. As privatizações no Brasil enriquecem
poucos, pioram os serviços, e quando dão problema a conta quem paga é a gente,
o povo brasileiro.
Com informações do jornal O Povo e da Wikipédia
Nenhum comentário:
Postar um comentário