OS OPERÁRIOS/AS DA ARTE E DA CULTURA COBRAM DIÁLOGO E TRANSPARÊNCIA NA APLICAÇÃO DOS RECURSOS NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE
A Articulação dos
Artistas de Juazeiro do Norte é um movimento que conta com a participação
dos artistas, operários/as, produtores/as da cultura e da arte representada em
suas diversas linguagens. Podemos noticiar que esses profissionais, são os
fazedores da cultura e da arte que comemoraram a aprovação da Lei Federal Nº 14.017/2020
– Aldir Blanc (LAB), que se constitui como um marco conquistado pela luta da
classe artística brasileira que sensibilizou e ganhou o apoio do Congresso
Nacional frente aos impactos causados pela COVID-19. Foram dois anos de
isolamento que repercutiu gravemente na saúde e na economia da classe
artística. Em seguida veio a Lei Complementar Nº 195/2022 – Lei Paulo Gustavo.
Logo depois a Lei Nº 14.399/2022, “institui a Política Nacional Aldir Blanc de
Fomento à Cultura, baseada na parceria da União, dos Estados, do Distrito
Federal e do Municípios com a sociedade civil no setor da cultura, bem como no
respeito à diversidade, à democratização e à universalização do acesso à
cultura no Brasil.”
A criação da PNAB consegue
superar a lógica do socorro e adentra a lógica de desenvolvimento com
investimentos nos agentes culturais e nas gestões de cultura e de como fazer a
gestão desses recursos. É importante ressaltar que a Lei é fruto de
experiências da esquerda, cuja lógica dialoga com a participação direta e o
desenvolvimento pleno das pessoas. A Lei foi elaborada por cinco deputados/as
federais da esquerda como Jandira Feghali (PCdoB), Luizianne Lins (PT), Renildo
Calheiros (PCdoB), Alice Portugal (PCdoB), Fernanda Melchionna (PSOL). O
inominável e o inelegível vetou integralmente a Lei, porém esse veto foi
derrubado pelo Congresso.
Em audiência pública
realizada no dia 16 de dezembro na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, por
intermédio da vereadora Jacqueline Gouveia (PT), estiveram presentes a
representação de diversos segmentos da cultura, a Rede de Mestres e
instituições como o Escritório Frei Tito de Alencar (EFTA), o mandato da
deputada estadual Larissa Gaspar (PT) por meio de sua assessora
Ana Célia (cantora), e a deputada federal Luizianne Lins (PT), se
fez representada pela escritora/poeta Íris Tavares. Foi notada a
ausência dos demais vereadores/as, do secretário da pasta da cultura e do
Ministério Público (MP).
O objetivo principal da
audiência pública foi promover o diálogo entre o movimento de artistas e buscar
os devidos esclarecimentos sobre a condução e gestão na aplicação desses
recursos, sobre a elaboração e os critérios adotados nos editais.
Questionamentos, tais como por que o governo municipal resolveu privilegiar as
Organizações da Sociedade Civil (OSC) no direcionamento dos editais,
concentrando quase todos os recursos em apenas 3 (três) CNPJ´s, em detrimento
de uma diversidade de agentes culturais individuais e coletivos que atuam no
município. E por que tanta omissão da prefeitura e de seu secretariado de
cultura, pois sequer consideram acatar as preocupações de boa parte dos
artistas que continuam questionando a omissão e a falta de transparência na
condução de todo o processo que andou a toque de caixa. Várias evidencias foram
encontradas e documentadas pelos artistas que se sentem prejudicados com toda
esse aboio no exercício de 2024, que passou rapando os recursos e atropelando
os critérios legais, éticos e transparentes previstos na legislação.
Outro ponto crítico abordado
na audiência pública é o fato do Conselho Municipal de Cultura de Juazeiro ter
se mantido intacto, porém na ilegalidade, pois não houve eleição para renovação
do atual quadro de conselheiros que já cumpriu com seu mandato de 2 (dois) anos
e sequer os representantes da classe artística foram comunicados. O gestor da
pasta tem usado a justificativa de que a lei permite, entretanto, omite que a
lei abre somente em circunstância de excepcionalidade, o que não vem ao caso.
Não é?
Os encaminhamentos propostos
na audiência pública foram bem claros. Toda a documentação apurada, até o
presente momento será reforçada e com as devidas evidencias serão enviadas aos órgãos de controle da esfera estadual e federal;
a vereadora Jacqueline Gouveia vai reapresentar oficio ao executivo municipal
solicitando a dissolução do referido conselho e novas eleições para composição
do conselho; tanto o mandato da deputada estadual Larissa Gaspar, quanto da
deputada federal Luizianne Lins se comprometeram em acompanhar e monitorar
junto as duas esferas públicas de controle sobre a transparência na gestão das
políticas públicas, assim como a devida aplicação dos recursos públicos. Está
claro que os artistas organizados continuarão atentos e reivindicando
moralidade, ética e equidade na execução das politicas públicas para cultura,
afinal a mentira e a omissão não combinam com a democracia.
Íris Tavares – Historiadora, Escritora e
Educadora Social.
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