sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Chegada dos imigrantes acorrentados: um passado que insiste em retornar


 

Nos últimos dias, imagens de imigrantes algemados e acorrentados nos Estados Unidos chocaram o mundo. Homens, mulheres e até crianças foram transportados como criminosos simplesmente por buscarem uma vida melhor. A cena, que remete a períodos sombrios da história, ecoa o horror do tráfico negreiro que trouxe milhões de africanos escravizados para o Brasil colonial. O passado, ao que parece, insiste em se repetir. 

No século XVI, quando os primeiros navios negreiros aportaram no Brasil, o que se via eram seres humanos reduzidos a mercadorias. Amontoados nos porões das embarcações, sem direito à liberdade ou à própria identidade, os africanos foram arrancados de suas terras para alimentar um sistema econômico baseado na exploração brutal. Séculos depois, mesmo com a abolição formal da escravidão, suas consequências ainda marcam a estrutura social e econômica do Brasil. 

Nos Estados Unidos, a retórica anti-imigração se intensificou durante o governo Trump (2017-2021) e agora em (2025) com o retorno do desgoverno Trump. Suas políticas endureceram o tratamento dado a migrantes, separando famílias, encarcerando crianças e promovendo deportações em massa. Uma das imagens mais impactantes foi a de imigrantes latinos transportados acorrentados, em uma cena que poderia facilmente ter sido extraída dos tempos de escravidão. 

O paralelo entre essas duas realidades é inescapável. No Brasil colonial, a escravidão sustentava a economia e reforçava uma estrutura de poder baseada no racismo. Nos EUA contemporâneos, a criminalização da imigração ilegal serve a um discurso xenofóbico e à manutenção de privilégios econômicos e políticos. Assim como no passado, há aqueles que se beneficiam da exploração da mão de obra barata, enquanto negam aos imigrantes os direitos básicos de dignidade e liberdade. 

A história ensina, mas poucos parecem dispostos a aprender. A chegada de imigrantes acorrentados dos EUA não é apenas uma política de governo, mas um reflexo de uma sociedade que ainda reluta em enfrentar seus fantasmas históricos. A luta por justiça e direitos humanos continua, pois, como nos mostra o passado, apenas a resistência e a memória podem impedir que os erros se repitam.

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