Nos últimos dias, imagens de imigrantes algemados e acorrentados nos Estados Unidos chocaram o mundo. Homens, mulheres e até crianças foram transportados como criminosos simplesmente por buscarem uma vida melhor. A cena, que remete a períodos sombrios da história, ecoa o horror do tráfico negreiro que trouxe milhões de africanos escravizados para o Brasil colonial. O passado, ao que parece, insiste em se repetir.
No século XVI, quando os primeiros navios negreiros
aportaram no Brasil, o que se via eram seres humanos reduzidos a mercadorias.
Amontoados nos porões das embarcações, sem direito à liberdade ou à própria
identidade, os africanos foram arrancados de suas terras para alimentar um
sistema econômico baseado na exploração brutal. Séculos depois, mesmo com a
abolição formal da escravidão, suas consequências ainda marcam a estrutura
social e econômica do Brasil.
Nos Estados Unidos, a retórica anti-imigração se
intensificou durante o governo Trump (2017-2021) e agora em (2025) com o
retorno do desgoverno Trump. Suas políticas endureceram o tratamento dado a
migrantes, separando famílias, encarcerando crianças e promovendo deportações
em massa. Uma das imagens mais impactantes foi a de imigrantes latinos
transportados acorrentados, em uma cena que poderia facilmente ter sido
extraída dos tempos de escravidão.
O paralelo entre essas duas realidades é inescapável. No
Brasil colonial, a escravidão sustentava a economia e reforçava uma estrutura
de poder baseada no racismo. Nos EUA contemporâneos, a criminalização da
imigração ilegal serve a um discurso xenofóbico e à manutenção de privilégios
econômicos e políticos. Assim como no passado, há aqueles que se beneficiam da
exploração da mão de obra barata, enquanto negam aos imigrantes os direitos
básicos de dignidade e liberdade.
A história ensina, mas poucos parecem dispostos a aprender.
A chegada de imigrantes acorrentados dos EUA não é apenas uma política de
governo, mas um reflexo de uma sociedade que ainda reluta em enfrentar seus
fantasmas históricos. A luta por justiça e direitos humanos continua, pois,
como nos mostra o passado, apenas a resistência e a memória podem impedir que
os erros se repitam.
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