COLUNA CULTURA EM DEBATE
POR ANDSON ANDRADE
A educação do campo é um tema amplamente debatido por ocupar um espaço privilegiado na sociedade, por compreender que o seu potencial transformador dialoga com outras importantes possibilidades de desenvolvimento humano; fortalecimento da economia, das relações pessoais, do respeito, dentre outros preceitos que integram o modo de viver do camponês.
Dentro de um processo de
resistência à ditadura militar em meados de 1980, as organizações da sociedade
civil ligadas à educação popular, incluíram a educação do campo na pauta
estratégica para a redemocratização do país. A ideia era reivindicar e
construir um modelo de educação condizente com as particularidades próprias à
vida dos camponeses. Logo, o termo Educação do Campo surge por ocasião do 1º
Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agrária - ENERA (1990). O evento foi
realizado com o propósito discutir e questionar como a Escola do Campo,
diferentemente da Escola Rural se diferencia do ensino tradicional no Brasil,
onde ela é feita para aqueles que habitam as áreas do campo. Entretanto, uma
educação não para as elites, mas voltadas para as classes populares
trabalhadoras.
Na concepção ampla, a educação do
campo, é uma modalidade de ensino oferecida às populações camponesas
(agricultores familiares, assentados e assentadas da reforma agrária,
extrativistas, pescadores, trabalhadores e trabalhadoras rurais, quilombolas,
povos da floresta) localizados em diferentes territórios. Segundo estudiosos
(2004), "a educação do campo pode compreender como fenômenos constituídos
por aspectos culturais, políticos, econômicos e de direitos sociais".
Partindo desse entendimento, a educação do campo compõe-se de processos
educacionais bem significativos que trabalham a realidade local a partir do
despertar dos sujeitos na promoção dos processos educacionais visando
consolidar valores e princípios de modo a garantir uma convivência harmoniosa
com aqueles que integram o campo.
Desse modo, a educação do campo
visa consolidar valores, princípios daqueles que integram o cotidiano do campo.
Em linhas gerais, a Educação do Campo evidencia uma atuação no sentido de
reivindicar políticas públicas para a educação, como parte de sua luta pela
Reforma Agrária e contra as desigualdades socioambientais. A escola do campo
apresenta o caminho para estimular o reconhecimento e a valorização da
população campesina (homem do campo); buscando a mudança e medidas que
viabilizem a formação e a qualificação num paralelo à Educação Rural.
Contudo, as concepções de
educação do campo, colocam um novo conceito e um senso comum, estabelecendo a
desconstrução de paradigmas (revertendo injustiças) desigualdades educacionais,
historicamente construídas e orientados pela “cidade” baseada pelos modelos
tradicionais, marcado por desigualdades geradas pelas classes dominantes a
serviço dos interesses do patronato brasileiro.
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