Por Maria Loureto de Lima
Escritora, pesquisadora e historiadora
Em 1925 foi realizado o primeiro carnaval em Juazeiro do Norte. A
iniciativa foi do Dr. Floro Bartolomeu, que na época era deputado federal e que
incentivava os amantes do carnaval se fantasiando de "Pierrô". Padre Cicero em pleno vigor, tudo via e
pacientemente deixava acontecer. O Dr. Floro na época trouxe do Rio de Janeiro
as fantasias que davam para formar blocos para desfilarem pelas ruas.
As moças da sociedade se fantasiavam de colombinas elegantes e
encantadoras. Foram formados três blocos. O bloco das Bananas, sob a
coordenação da estreante carnavalesca, Albertina Brasileiro. O bloco das
Mexicanas, organizado por Ivone, Bellks e Ayta Suliano e o bloco dos Cavadores,
criado por Walmique Gomes, Vicente, Dão Leite, Vicente Roque de Menezes e José
Matias.
O relato que se tem é que o carnaval foi animado, dois carros dos dez
existentes na cidade, desfilaram nas ruas, inclusive carros de boi. Ainda com
patrocínio de Floro Bartolomeu, aconteceu um baile de máscaras para as famílias
da cidade, em sua residência.
Senhorzinho Ribeiro, pesquisador de história do Juazeiro, em seu livro,
diz que o carnaval de Juazeiro do Norte foi o primeiro carnaval de rua do
Estado do Ceará.
Por muitos anos Juazeiro teve seus dias de folia em clubes e ruas,
sempre motivados pela alegria do empresário Antônio Fernandes Coimbra,
conhecido como Mascote, criador dos blocos Diabos Loiros e Garotas Infernais.
O Treze Atlético Juazeirense, foi palco de muitas recepções sociais, era
o anfitrião dos grandes bailes de carnaval, que ainda se configuram nas
memórias de historiadores.
O carnaval integra no rol de atividades sociais ligadas à criatividade e
difusão de fantasias, sambas enredos e culturas regionais, que compõem o grande
cenário cultural do país.
A cultura carnavalesca, partindo de composições de músicas que trazem a
história com seus figurantes inesquecíveis e vultos históricos, não pode
perecer.
Específico de Juazeiro do Norte, ressalta-se saudosamente os bailes com
orquestras advindas de outros lugares e citamos ainda, a tão bem lembrada
Orquestra J. Martins e se conjunto de Juazeiro do Norte, que depois na década
de 70, foi denominada "Conjunto do Treze" todas tocavam e cantavam
marchinhas e frevos, às noites nos clubes AABB, Treze Atlético e Asa Branca, APUC
e BNB, eram atrativos por seus bailes ordeiros e organizados.
Aos poucos essa manifestação foi se ausentando. Recorda-se muito bem, a
figura do rei "Momo" representado pelo Sr. Chico Romeiro, destacado
comerciante de Juazeiro, que conduzia a Rainha do Carnaval e se apresentavam de
maneira exuberante nos desfiles.
A figura do comerciante Zé Virgílio é pertinente ao contexto, como
incentivador e participante ativo dos desfiles de carnavalescos. Ele dizia
sempre: "Não vejo mais a possibilidade de se levantar os grandes carnavais
de Juazeiro do Norte".
As justificativas para a não realização de carnaval em via pública no
Juazeiro Norte, esbarra na falta de conhecimento da amplitude e abrangência da cultura
brasileira. Carnaval é festa sem preconceito é genuinamente nosso, é uma
identidade construída, para nas avenidas exaltar a criatividade, a música,
reativando nossa história, nossa gente.
Samba-enredo "REDENTOR DO SERTÃO"
O samba-enredo Redentor do Sertão traz o Padre Cícero, mais uma vez à
avenida, no formato de homenagem aos 179 anos de nascimento do homem sacerdote Cícero
Romão Batista. A Escola Unidos de Padre Miguel, desvenda e anuncia que nosso
Padre Cícero é o Redentor do Sertão. A Agremiação carnavalesca disse que o enredo
homenageando o Padre Cícero é um presente para a Comunidade e Nação Romeira do
Brasil. O enredo é um convite a viajar no imaginário, é narrativa de causos
fantásticos, visões e milagres. Parabéns à lucidez dos que fazem a Unidos de
Padre Miguel.
Jornal Leia Sempre Brasil
Edição desta sexta-feira 09 de fevereiro de 2024
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