Intercâmbio de saberes e experiências para todas as idades marcaram a última semana de atividades no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo - equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte. Por meio do Edital de Fomento ao Patrimônio, à Memória e às Artes do Território Caririense, os proponentes, tutores e colaboradores puderam partilhar o desenvolvimento das quatro pesquisas aprovadas pelo programa. As atividades aconteceram de 11 a 14 de janeiro e dialogaram com os aspectos sócio históricos, culturais e ambientais da região.
Idealizado
pela Gerência de Patrimônio Cultural e Memória do CCCariri, o Edital foi
publicado em julho de 2023, incentivando a pesquisa, a produção artística e
contribuindo para narrativas poéticas e investigativas nas áreas das
humanidades e afins, desdobradas em um trabalho de duração de seis meses. Ao
serem finalizadas, as produções integrarão um banco de dados voltado para a
salvaguarda da memória cultural do Cariri cearense.
Os projetos
selecionados “O que pode uma mulher que borda?”; “Altar Trapiá”; “Romaria da
Encantaria”; e “Do quilombo à cidade”, estão em vigência desde setembro de
2023 e seguem alinhados a uma abordagem histórica, crítica ou criadora de temas
pertinentes à memória, ao patrimônio material e imaterial e às artes da região.
Para a
realização da pesquisa, os proponentes e pesquisadores recebem uma bolsa no
valor de R$1.600,00 durante o tempo de vigência. Para o colaborador, o valor é
de R$1.300,00. Também é disposto para os pesquisadores a colaboração de
profissionais da comunicação para a criação de produtos relacionados aos
projetos.
Conheça os projetos selecionados
O que pode uma mulher que borda?
Proposto por Dinha Fonseca, com tutoria de Simone Barreto e colaboração de
Suzana Carneiro, utiliza o bordado como linguagem principal para explorar as
possibilidades e processos de resistência das mulheres que bordam nas cidades
de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Através dessa técnica, busca-se tecer
metáforas visuais e refletir sobre a experiência da travessia no tempo, no
espaço e na memória. Investigando as conexões entre bordado e identidade,
promove uma reflexão profunda sobre as narrativas pessoais e coletivas
envolvidas no processo.
Altar Trapiá
O projeto surge de outra pesquisa, chamada “Rio de Piche 116”, iniciada em 2014
no Cariri cearense. Apresenta trabalhos em fotografias, audiovisuais e
instalações sobre a cultura e natureza de regiões nordestinas cortadas pela BR
116, especialmente no Sítio Lagoa do Mato, em Brejo Santo (CE). Proposto por
Ferrerin, com tutoria de Laryssa Machada e colaboração de Pedro Ferreira,
“Altar Trapiá” amplia perspectivas sobre memória e construção de imaginários a
partir de cuidados coletivos karirienses, manifestados em festas típicas e
saberes sobre a caatinga.
Romaria da Encantaria: Cultura, Memória e Territorialidade Indígena em Juazeiro do Norte
Buscando compreender as práticas rituais e a territorialidade dos povos
indígenas romeiros que protagonizaram movimentos de mobilidade espacial para
Juazeiro do Norte, o projeto adota como foco o bairro Horto, por tratar-se de
uma área significativa da territorialidade de povos indígenas romeiros, onde
estes sujeitos habitam e/ou realizam práticas rituais fundamentados na cultura,
memória e nas espiritualidades indígenas. Proposto por Joedson Kariri, tem como
tutora Juma Pariri e colaborador Luiz Wendesteny.
Do quilombo à cidade: Imagem transatlântica na comunidade quilombola de Sassaré
Idealizado por Andressa Yare, com tutoria de Elane Abreu e colaboração de Carla
Rayssa, tem como principal objetivo investigar e escrever, de modo conjunto,
sobre os aspectos da identidade e da oralidade coletiva de Sassaré, comunidade
quilombola localizada na cidade de Potengi. Objetivando quebrar a perspectiva
da cidade enquanto metrópole e a narrativa hegemônica da zona metropolitana do
Crajubar (Crato, Juazeiro e Barbalha), a imagem é lida pelos fatores da
comunicação visual e evoca a memória do reisado, consagrado desde a década de
1930 na comunidade e elementos da água, que surgem em seu berço afetivo e na
metáfora da reconfiguração do Atlântico evocado pela historiadora Beatriz
Nascimento.
Conheça a Gerência de Patrimônio Cultural e Memória
Criada para a articulação de diferentes perspectivas de pensar o território do
Cariri entre a relação de vida e arte, natureza e práticas tradicionais, a
Gerência de Patrimônio Cultural e Memória se propõe a articulação com os 29
municípios da região, desenvolvendo ações para promover a produção da cultura
regional, criação e estruturação de programas formativos, formação de núcleos
de pesquisa e a patrimonialização das memórias, narrativas e costumes
tradicionais.
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