quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Pesquisas selecionadas no Edital de Fomento ao Patrimônio, à Memória e às Artes do Centro Cultural do Cariri participam de partilha pública

 



Intercâmbio de saberes e experiências para todas as idades marcaram a última semana de atividades no Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo - equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Mirante de Cultura e Arte. Por meio do Edital de Fomento ao Patrimônio, à Memória e às Artes do Território Caririense, os proponentes, tutores e colaboradores puderam partilhar o desenvolvimento das quatro pesquisas aprovadas pelo programa. As atividades aconteceram de 11 a 14 de janeiro e dialogaram com os aspectos sócio históricos, culturais e ambientais da região. 

Idealizado pela Gerência de Patrimônio Cultural e Memória do CCCariri, o Edital foi publicado em julho de 2023, incentivando a pesquisa, a produção artística e contribuindo para narrativas poéticas e investigativas nas áreas das humanidades e afins, desdobradas em um trabalho de duração de seis meses. Ao serem finalizadas, as produções integrarão um banco de dados voltado para a salvaguarda da memória cultural do Cariri cearense. 

Os projetos selecionados “O que pode uma mulher que borda?”; “Altar Trapiá”; “Romaria da Encantaria”; e “Do quilombo à cidade”, estão em vigência desde setembro de 2023 e seguem alinhados a uma abordagem histórica, crítica ou criadora de temas pertinentes à memória, ao patrimônio material e imaterial e às artes da região.

Para a realização da pesquisa, os proponentes e pesquisadores recebem uma bolsa no valor de R$1.600,00 durante o tempo de vigência. Para o colaborador, o valor é de R$1.300,00. Também é disposto para os pesquisadores a colaboração de profissionais da comunicação para a criação de produtos relacionados aos projetos. 

Conheça os projetos selecionados

O que pode uma mulher que borda?

Proposto por Dinha Fonseca, com tutoria de Simone Barreto e colaboração de Suzana Carneiro, utiliza o bordado como linguagem principal para explorar as possibilidades e processos de resistência das mulheres que bordam nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. Através dessa técnica, busca-se tecer metáforas visuais e refletir sobre a experiência da travessia no tempo, no espaço e na memória. Investigando as conexões entre bordado e identidade, promove uma reflexão profunda sobre as narrativas pessoais e coletivas envolvidas no processo.

Altar Trapiá 

O projeto surge de outra pesquisa, chamada “Rio de Piche 116”, iniciada em 2014 no Cariri cearense. Apresenta trabalhos em fotografias, audiovisuais e instalações sobre a cultura e natureza de regiões nordestinas cortadas pela BR 116, especialmente no Sítio Lagoa do Mato, em Brejo Santo (CE). Proposto por Ferrerin, com tutoria de Laryssa Machada e colaboração de Pedro Ferreira, “Altar Trapiá” amplia perspectivas sobre memória e construção de imaginários a partir de cuidados coletivos karirienses, manifestados em festas típicas e saberes sobre a caatinga. 

Romaria da Encantaria: Cultura, Memória e Territorialidade Indígena em Juazeiro do Norte

Buscando compreender as práticas rituais e a territorialidade dos povos indígenas romeiros que protagonizaram movimentos de mobilidade espacial para Juazeiro do Norte, o projeto adota como foco o bairro Horto, por tratar-se de uma área significativa da territorialidade de povos indígenas romeiros, onde estes sujeitos habitam e/ou realizam práticas rituais fundamentados na cultura, memória e nas espiritualidades indígenas. Proposto por Joedson Kariri, tem como tutora Juma Pariri e colaborador Luiz Wendesteny. 

Do quilombo à cidade: Imagem transatlântica na comunidade quilombola de Sassaré 

Idealizado por Andressa Yare, com tutoria de Elane Abreu e colaboração de Carla Rayssa, tem como principal objetivo investigar e escrever, de modo conjunto, sobre os aspectos da identidade e da oralidade coletiva de Sassaré, comunidade quilombola localizada na cidade de Potengi. Objetivando quebrar a perspectiva da cidade enquanto metrópole e a narrativa hegemônica da zona metropolitana do Crajubar (Crato, Juazeiro e Barbalha), a imagem é lida pelos fatores da comunicação visual e evoca a memória do reisado, consagrado desde a década de 1930 na comunidade e elementos da água, que surgem em seu berço afetivo e na metáfora da reconfiguração do Atlântico evocado pela historiadora Beatriz Nascimento. 

Conheça a Gerência de Patrimônio Cultural e Memória 

Criada para a articulação de diferentes perspectivas de pensar o território do Cariri entre a relação de vida e arte, natureza e práticas tradicionais, a Gerência de Patrimônio Cultural e Memória se propõe a articulação com os 29 municípios da região, desenvolvendo ações para promover a produção da cultura regional, criação e estruturação de programas formativos, formação de núcleos de pesquisa e a patrimonialização das memórias, narrativas e costumes tradicionais. 

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